domingo, 14 de fevereiro de 2016

Que aconteceu durante o êxtase de Francisco de Assis?


Os mistérios de amor não se divulgam: São Francisco guardou ciosamente este segredo. Confessou, no entanto, que recebera nessa altura revelações sublimes, mas nunca quis
comunicá-las.
Quando a visão se desvaneceu, uma transformação maravilhosa tinha-se operado nele; na sua carne estavam gravados os sagrados estigmas da Paixão.
Grandes feridas lhe rasgavam as mãos e os pés: nas cicatrizes percebiam-se nitidamente as cabeças negras dos pregos.
Uma chaga mais larga abriria o seu costado e deixava filtrar algumas gotas de sangue. Francisco tornara-se um crucificado vivo.
Um prodígio assim não podia passar inadvertido.
Apesar de todos os esforços para afastar as curiosidades indiscretas, o Santo não conseguiu esconder inteiramente os estigmas. O seu prestígio, já tão grande, aumentou ainda mais: a sua vida terminava numa espécie de apoteose.
O Serafim que imprimia no seu corpo as chagas de Cristo, também as enterrara no seu coração. A partir daquele dia, Francisco não fez mais do que esmorecer lentamente no duplo martírio da dor e do amor.
Ainda percorria penosamente os caminhos da Úmbria, a pregar menos pela palavra do que pelo exemplo. Deixava, ao caminhar, irradiar da sua alma o imenso amor pelo divino Mestre; manifestava-o em termos tão veementes, que sentia por vezes a necessidade de se desculpar.
“Não fostes Vós que nos destes – dizia ele ao Salvador – o exemplo desta sublime loucura? Vós vos lançastes à procura da ovelha desgarrada; caminhastes como um escravo, como um homem inebriado de amor”.
Para adornar a sua coroa, Deus mandava-lhe as últimas provações.
O Santo notava que alguns religiosos, embora poucos, desejavam restringir a pobreza da Ordem; previa que os seus filhos atravessariam, depois de sua morte, uma crise perigosa.
A esta tristeza acrescentava-se o peso da doença. A saúde declinava, a vista apagava-se; os remédios mais fortes só lhe davam umas melhoras precárias.
Francisco mantinha, apesar das dores, uma alegria apaziguadora.
Mas o seu espírito desprendia-se cada vez mais das preocupações terrenas; o seu recolhimento tornava-se mais profundo. Os que estavam à sua volta percebiam a aproximação da hora da recompensa.
Há cerca de dezoito anos que Francisco levava uma vida de heroica pobreza,
Quando Frei Elias, seu vigário no governo dos Frades Menores, teve uma revelação: o Santo não passaria mais de dois anos aqui na terra. Seguindo a ordem recebida, Elias transmitiu a São Francisco a comunicação celeste.
O Santo não temia a morte. Tinha cortado, pelo seu despojamento total os vínculos que o ligavam à terra; tinha, a exemplo do Apóstolo, conquistado o domínio sobre o seu corpo: a sua alma devia desprender-se sem dilaceramentos do seu invólucro físico.
Se não tremia perante a aproximação do momento fatal, queria pelo menos preparar-se para comparecer diante do Soberano Juiz.
Partiu, pois, rumo à solidão, para se recolher por algum tempo.
Durante o verão de 1224 esteve no pequeno convento de Alverne. Era um eremitério rústico, construído precariamente no cimo de uma montanha escarpada.
As grutas abertas nas rochas, os bosques povoados de pássaros, o afastamento dos centros habitados tornavam o sítio encantador e particularmente propício aos exercícios da contemplação.
O Santo amava esta morada que outrora lhe tinha sido dada pelo Conde Orlando, senhor de Chiusi.
Logo que chegou ao lugar do seu retiro, Francisco iniciou um jejum de quarenta dias em honra de São Miguel. Consagrava o tempo à oração, que lhe propiciava delícias que nunca lhe pareceram tão saborosas.
Suplicou ao Senhor que lhe desse a conhecer as obras às quais deveria consagrar os últimos dias da vida. Como resposta, Deus cumulou-o com abundância de suavidades interiores.
Então o Santo recorreu ao seu procedimento habitual: abriu o Evangelho ao acaso, por diversas vezes, esperando encontrar ali uma indicação. Por diversas caiu no relato da Paixão.
Esta coincidência surpreendeu-o: concluiu que o Salvador queria uni-lo mais intimamente aos seus sofrimentos.
Os calores estivais declinavam; o Alverne já se revestia com os esplendores do outono.
Debaixo das grandes árvores, cuja folhagem se tornava dourada, Francisco pensava na adorável imolação de Cristo, quando subitamente lhe apareceu um Serafim resplandecente de luz.
O Anjo aparentava uma semelhança admirável com o Salvador pregado no patíbulo.
O Santo reconheceu estupefato os traços do divino Crucificado; a sua alma inflamou-se com amor tão ardente e tão doloroso, que o seu débil corpo não aguentou: caiu em profundo arrebatamento.
Considerava-se insignificante e queria ser
considerado assim.
O seu contínuo recolhimento conferia-lhe uma plácida alegria. A sua fisionomia irradiava habitualmente uma tranquila felicidade.
Francisco fugia da tristeza com horror: ela quebra o fervor da alma; torna-a indolente e lança-a no desânimo. Considerava a tristeza maldita, como uma das tentações sutis onde se esconde a perfídia do demônio; chamava-a, com desprezo “a doença babilônica”.
Apesar do seu caráter alegre e dos dons divinos recebidos com tanta abundância, Francisco também viveu horas sombrias. Lutava, então, contra a melancolia que o invadia; para vencer esse estado de espírito, chegava a recorrer a jogos infantis.
Pegava em dois paus e simulava um violino e o seu arco; cantava com voz sonora algum cântico piedoso, fazendo-se acompanhar por este instrumento imaginário.
A vitória não se fazia esperar: a nuvem dissipava-se; o cântico expirava; Francisco entrava
em êxtase.
Em Rieti, alguns meses antes da morte,
Faziam-lhe um tratamento muito doloroso aos olhos. Ele procurava resistir à dor, que às vezes se tornava agudíssima; procurava, sobretudo, afastar a tristeza que o invadia.
Pensou que um pouco de música o podia distrair; pediu, pois, ao seu companheiro que pedisse uma viola emprestada: “Será um alívio para o meu corpo atormentado de males”.
O irmão, embora excelente religioso, era um pouco acanhado de ideias. Pensou que, se se encarregasse  de uma incumbência dessas, ia escandalizar os fieis, e talvez diminuir no espírito deles o prestígio de Francisco. O Santo não insistiu.
Mas, na noite seguinte, um personagem misterioso veio dar-lhe um concerto debaixo da
sua janela.
O músico tocava no seu alaúde melodias tão suaves, que Francisco pensou estar a ouvir um eco das harmonias celestes; esqueceu os sofrimentos e a sua alma, elevando-se pouco a pouca acima das misérias terrestres, acabou por se perder em Deus.
A oração passiva inclui diversos graus: eleva-se do simples recolhimento até às alturas daquele“matrimônio espiritual”, em que o contemplativo parece, na expressão de São Paulo, formar com Deus um só espírito.
“Aquele que se une ao Senhor constitui, com Ele, um só espírito”.
Da quietude ao êxtase, Francisco percorreu todas as etapas. Em breve, subiria ao mais alto cume,onde se consuma a perfeição do mistério unitivo.
Por um singular privilégio, a gloriosa transformação que a alma conhece neste último estágio da vida mística haveria de refletir-se no seu corpo: Cristo ia gravar na carne do nosso Santo os estigmas da Paixão.
A oração contínua do nosso Santo produziu frutos abundantes e preciosos.
Ela acendera e mantinha sem cessar a imensa fogueira que lhe devorava o coração. “No fogo, o amor me lançou”, cantava Francisco.
Apesar dos seus esforços, nem sempre conseguia dominar a santa paixão que fervia dentro de si; por vezes, as pessoas viam uma chama que revelava o segredo da alma.
O Nome de Deus fazia-o estremecer: quando o ouvia pronunciar, não podia conter a emoção; o rosto corava; uma força misteriosa fazia-o mergulhar num recolhimento profundo.
O amor prova-se com obras; enquanto não ultrapassar a esfera das ternuras sensíveis, pode-se duvidar justificadamente da sua autenticidade.
A caridade perfeita torna a vontade do homem semelhante à de Deus: é esse o seu caráter essencial. São Francisco não o desconhecia; a sua única preocupação era realizar sem demora aquilo que o Senhor dele esperava.
Se tinha renunciado à vida mundana, se tinha, com o coração dilacerado partido da casa paterna, se tinha contraído com a dona Pobreza uma sublime aliança, não fora para obedecer às ordens do Alto? Como Cristo, Francisco podia dizer: “O meu alimento é fazer a vontade d’Aquele que Me enviou e realizar a sua obra”.
Francisco levou a aceitação da Vontade divina até o ponto culminante, o abandono total nas mãos da Providência. – Durante uma das suas doenças, teve grandes sofrimentos.
O religioso que estava ao lado do catre a cuidar dele mostrava uma compaixão exageradamente humana. “Meu pai – dizia – a provação não está a ser dura demais? Peça a Deus que o trate com menos rudeza”.
Estas palavras feriram o Santo na delicadeza do seu amor: deu um brado de dor e indignação.
Estranhava que não se reconhecesse no sofrimento um dom do Pai celeste, que está atento ao bem dos seus filhos.
Francisco colheu outro fruto da oração: a humildade.
Esta virtude fundamental é o sinal seguro da intervenção divina: quando uma alma entra em contato com Deus pelo toque da graça mística, conhece por experiência o nada da nossa
miserável natureza.
Os Santos vivem como que esmagados pela noção do seu nada; quem não experimentou este sentimento nunca penetrou verdadeiramente na oração passiva.
Francisco estava profundamente unido a Deus; uma humildade prodigiosa lhe irradiava da alma.
Nos seus percursos apostólicos, as populações acorriam à sua passagem. Queriam vê-lo, ouvi-lo, receber-lhe a bênção; procuravam tocar-lhe a orla da túnica. Era venerado em vida como se veneram as relíquias dos Santos.
Ora, um dia, o entusiasmo popular manifestou-se com mais ardor do que o habitual e Francisco passou insensível por entre as ovações. Todavia, o seu companheiro, temendo que alguma tentação de vaidade o assaltasse, sentiu-se no dever de o avisar.
O Santo tranquilizou-o: estas homenagens, explicou, não podiam deter-se no nada de sua pessoa; dirigiam-se a Deus, que se dignava servir-se da sua miséria: aquilo só lhe servia para se humilhar ainda mais.
Assim compreendidas, aquelas aclamações não lhe pareciam exageradas; pareciam-lhe
até insuficientes.
Protestava quase sempre contra os elogios que lhe eram dirigidos. “Não se deve canonizar um homem antes da morte. – dizia com vivacidade – Ainda posso cair em pecado”.
Por outro lado, as manifestações de veneração faziam-no sofrer. Pensando que não as merecia, feriam-no na sua retidão.
Era tal, com efeito, a sua lealdade, que nem sequer suportava a sombra do fingimento. – “Ah! Vocês pensam que sou Santo!, exclamava um dia em que lhe tinham servido um frango por causa de seu estado de saúde. Os Santos mortificam-se; eu, pelo contrário, comi frango hoje”.
Como todos os Santos, Francisco foi uma alma de oração; subiu os mais altos degraus da contemplação passiva.
Quando ainda se deixava ofuscar pelas vaidades mundanas, duas graças de oração desceram sobre ele, uma depois da outra; essas graças fizeram-lhe compreender o nada das criaturas e inebriaram-no com uma doçura celeste; formaram nele um homem novo.
A partir de então, viveu um recolhimento tão profundo, que nem sequer as ocupações exteriores
o interrompiam.
Por aquele dom inefável, próprio dos místicos, sentia habitualmente nele a presença de Deus. Dirigia ao Hóspede adorável do seu coração o olhar da inteligência e os ímpetos do amor.
As invocações morriam-lhe nos lábios; do mais íntimo do seu ser brotavam esses gritos sem palavras que encantam o Altíssimo pela intensidade do silêncio ardente. Tal era a sua
oração habitual.
Às vezes, ficava tão absorto nela que não via o que se passava à volta.
Nas viagens, acontecia-lhe atravessar aldeias sem se aperceber e sem notar sequer o desvelo das multidões que não poupavam as manifestações de veneração.
Outras vezes ainda, sobretudo para o fim da vida, a graça de oração inundava-lhe a alma com tanta abundância, que a submergia. Tudo se desvanecia em seu redor: entrava em êxtase.
Sentia a seu lado a presença quase permanente da Humanidade santa de Cristo. Esta divina companhia comunicava-lhe uma força soberana e inundava-o de suavidade.
Vivendo assim numa oração contínua.
São Francisco devia recomendar naturalmente aos seus religiosos a prática do recolhimento. Recordava-lhes que a união com Deus é a condição essencial da facundidade apostólica.
Só o homem de oração – explicava ele – consegue ir até o extremo de suas forças e realizar coisas verdadeiramente grandes ao serviço de Deus.
Por outro lado, não se contentava com as simples exortações. Procurava favorecer o recolhimento.A Ordem franciscana crescia com uma rapidez prodigiosa.
Nas cidades constituíam-se numerosos mosteiros. Francisco quis formar, longe das cidades tumultuosas, ermos perdidos em zonas desabitadas.
Era com gosto que enviava para lá os irmãos que desejassem retemperar forças na solidão. Ele próprio gostava de se retirar para esses lugares nas suas viagens apostólicas.
*   *   *
Fonte: retirado do livro “São Francisco de Assis” do Rev. Pe. Thomas de Saint-Laurent.

Clara de Assis"Aconselhava o silêncio como meio de evitar os pecados da língua e de conservar a mente sempre concentrada em DEUS."



Quem Foi Clara de Assis 

O estilo de vida de Francisco de Assis não poderia ser privilégio dos homens. Muitas mulheres escutavam sua pregação, observavam seu estilo de viver o Evangelho e também queriam essa oportunidade. Uma dessas mulheres foi CLARA.
Nasceu Clara em torno de 1193 em Assis, filha de Ortolana di Fiumi e Faverone e Offreduccio. Recebera da mãe uma sólida religiosidade e do pai a força de caráter. Tinha mais três irmãs e um irmão. A irmã caçula era Inês (Sta. Inês). Francisco Conhecia Clara de vista, visto que em Assis todos se conheciam. Admirava nela os longos cabelos dourados e seus olhos decididos.
Aos 18 anos, Clara ouviu Francisco pregar os sermões da quaresma na igreja de São Jorge, em Assis e, após refletir sobre o que havia ouvido, procurou Francisco dizendo que desejava viver "segundo a maneira do santo Evangelho". Francisco falou-lhe sobre o desprezo do mundo e o amor à Deus e fortaleceu-lhe o desejo de abandonar tudo por amor à Cristo. Encerrou a conversa dizendo: "Quero contar-te um segredo, Clara: desposei a Senhora Pobreza e quero ser-lhe fiel para sempre".
Clara, então, passou a frequentar a capela da Porciúncula e estava decidida a seguir Francisco e os mandamentos do Evangelho, porém, não sabia como faria para sair de sua abastada casa. Francisco e os irmãos tiveram a idéia e no dia 18/19 de março de 1212, domingo de Ramos, rica e belamente vestida Clara participou da missa da manhã e a noite, quando todos dormiam, utilizou-se da saída de trás do palacete onde vivia: a saída dos mortos. Clara de Favarone foge e, após percorrer uma milha fora da cidade, é recebida com muita festa pelos irmãos franciscanos na Porciúncula. Ali, se desfaz das vestes elegantes e Francisco, com uma enorme tesoura nas mãos lhe corta os cabelos. Em seguida, deu-lhe o hábito da penitência: uma túnica de aniagem amarrada em volta por uma corda e um par de tamancos de madeira. Clara se consagra pelos três votos: POBREZA, OBEDIÊNCIA E CASTIDADE.
Após alguns dias no mosteiro de São Paulo e algumas semanas no mosteiro beneditino de Panzo, Clara recolheu-se à São Damião, numa casa pobre, contígua à Capela onde ficou até sua morte em 1253.
16 dias depois da conversão, Clara recebe sua irmã Inês e mais tarde, no tempo, sua irmã Beatriz e a mãe Ortolana.
Clara, juntamente com suas irmãs, mãe, e outras que vieram juntar-se a elas, logo formaram o "Berço da
Ordem Universal das Clarissas Pobres". No início ficaram conhecidas como as "Senhoras Pobres" ou "Irmãs Clarissas". Clara e sua comunidade praticavam austeridades desconhecidas entre as mulheres da época: não usavam meia ou qualquer proteção para os pés, dormiam no chão e sem comodidade de nenhuma espécie. Não comiam carne e falavam apenas quando obrigadas pela necessidade e pela caridade. Clara aconselhava o silêncio como meio de evitar os pecados da língua e de conservar a mente sempre concentrada em DEUS. A si própria, Clara gostava de se denominar "Uma plantinha do bem-aventurado pai Francisco!". Ela nunca deixou os muros do convento de São Damião. Designada abadesa (superiora) por Francisco em 1215, Clara dirigiu o convento durante 40 anos. Sempre quis ser serva das servas, submissa a todas e beijando os pés das irmãs leigas quando regressavam do trabalho de esmolar, servindo à mesa, assistindo aos que estivessem doentes. Enquanto as irmãs descansavam, ela ficava em oração e as cobria, caso as cobertas lhe caíssem. Saía da oração com o semblante tão iluminado que chegava a ofuscar a vista das que a olhavam.
Mesmo quando estava doente, esteve doente nos últimos 27 anos de vida, continuou seu trabalho, suportando os longos anos de enfermidade com sublime paciência. Em 1253 teve início uma longa agonia. Durante os últimos 17 dias de sua vida, não conseguiu ingerir alimento algum. A fé e a devoção do povo aumentavam a cada dia. Diariamente cardeais e prelados chegavam para visitá-la pois tinham certeza que era uma santa que estava para morrer.

Irmã Inês, sua irmã, estava presente, bem como os três companheiros de Francisco: Frei Leão, Ângelo e Junípero. Vendo que a vida de Clara estava chegando ao fim, emocionados, leram a Paixão de Jesus Cristo segundo João, como tinham feito 27 anos antes, na morte de Francisco. Clara consolou e abençoou suas filhas espirituais e, para si disse:
"Caminha sem receio, pois tens um bom guia. Ó Senhor, eu vos agradeço e bendigo pela graça que vos dignastes conceder-me de poder viver".

sábado, 13 de fevereiro de 2016

O sofrimento nunca é em vão! Devemos lidar com os momentos difíceis regados à oração.

 Saber sofrer

Falar em sofrimento é algo que perturba a muitos... Parece que procuramos a agitação frenética das coisas mundanas para desviarmos a nossa atenção dos problemas, das preocupações, da dor, da angústia que tantas vezes aperta em nosso coração...

Mas há uma diferença: o cristão deve saber sofrer; o verdadeiro cristão que ama a Jesus Cristo busca o “sofrer” na base do “crescer”! Quantos não se afastam da fé por causa do sofrimento... Pergunto: que fé é essa? Por qualquer tribulação já passo a descrer da misericórdia infinita de Deus? Afinal, será que eu perdi a fé ou eu nunca firmei a minha crença em Deus?

Se for levar neste raciocínio, Jesus deveria ter culpado a Deus Pai por todas as suas aflições e simplesmente levar em conta o seu egoísmo e se revoltar contra os Céus! Mas não... muito pelo contrário! Sabe por que Ele não desistiu de crer em Deus e cumprir Sua missão? Porque o Seu Amor era maior do que tudo, porque o Amor conduzia a sua Força, porque o Seu olhar, as suas atitudes estavam impregnadas de Amor, de oração, de total oblação!

“Aliás, é melhor padecer, se Deus assim o quiser, por fazer o bem do que por fazer o mal. Pois também Cristo morreu uma vez pelos nossos pecados- o Justo pelos injustos- para nos conduzir a Deus”. I Pedro 3, 17-18.
É equívoco dizer que a dor e o sofrimento levam a Deus! Não!! Se a dor não se convergir em Amor jamais irá nos aproximar de Deus! Só o Amor nos leva a Amar a Deus, a aceitar a Sua vontade em minha vida e a adorá-Lo em todos os momentos!

O sofrimento nunca é em vão! Devemos lidar com os momentos difíceis regados à oração, aceitação e buscar extrair dos espinhos grandes bênçãos para o meu alicerce espiritual se fortalecer e amadurecer! Assim como o ouro é purificado ao passar pelo fogo, assim um cristão é purificado e fortalecido quando passa pela aflição.
Jesus sofreu para ajudar os outros, sacrificando sua vida para reconciliar os homens com Deus. Cristo sofreu porque decidiu sofrer. Sofreu porque nos amava. O fato que o Senhor sofre conosco nos assegura de sua compaixão e auxílio, e dá-nos forças para enfrentarmos nossas dificuldades.

A dor é uma grande ferramenta de ensino! Nos ensina a sermos fortes, a amar mais, a usar a nossa liberdade que Deus nos deu simplesmente em prol das coisas divinas! O sofrimento resulta em uma confiança plena nos desígnios de Deus e me leva a praticar a humildade na sua totalidade, buscando a perspectiva da ressurreição- conduzir o meu olhar as coisas belas, aos pertences do Céu!

Não há maior provação que há de Cristo na Cruz! E de todo o Seu suar Sangue, todas as suas aflições, todo o Seu sentir-Se abandonado, hoje somos libertos da escravidão do pecado, somos livres para mergulhar na glória celestial! Basta eu optar em Amar acima do sofrer!

Basta eu, na arte de Amar, transformar o amargo em puro mel!!

A vida passa a ter um novo sentido.

Depois do sofrimento,
a libertação…
Depois da morte, a VIDA! Cristo RESSUSCITOU e, com a Sua Paixão e Ressurreição, quis mostrar-nos que nenhuma cruz, por mais pesada que seja, nos deve esmagar. Ele é o exemplo de que, pela fé, o corpo humano é capaz de transpor os obstáculos materiais, tornando-se o suporte visível do ser eterno. A vitória da Ressurreição inaugura um tempo novo, um tempo de vida eterna para todos aqueles que se unem a Cristo na fé, na esperança e no amor. A vida passa a ter um novo sentido: não se vive para o fim, mas para a vida plena. Toda a criação é renovada e a vida do ser humano assume um novo sentido, é transformada radicalmente: Deus criou-nos para a vida eterna e não para a morte.
Cristo ressuscitou para transformar a nossa vida, renovar o coração de cada homem e curar aquilo que nos impede de viver. Deixemos que a Sua Luz invada o nosso ser e habite o nosso coração, não apenas hoje, mas sempre!

Por que te amo, oh, Maria!



1. Oh! Quisera cantar, Maria, por que te amo,
Por que teu nome tão doce me faz estremecer o coração
E por que o pensamento de tua suprema grandeza
Não consegue inspirar à minha alma nenhum temor.
Se te contemplasse em tua sublime glória,
Ultrapassando o esplendor de todos os Bem-aventurados,
Não poderia acreditar que sou tua filha…
Diante de ti, oh, Maria, meus olhos, eu os abaixaria!
2. Para que um filho possa amar sua mãe, é preciso
Que ela chore com ele, partilhe suas dores…
Oh, Mãe querida! Nesta terra estrangeira,
Para atrair-me a ti, como chorastes!
Meditando tua vida no santo evangelho,
Ouso te olhar e aproximar-me de ti.
Acreditar que sou tua filha não é difícil,
Pois te vejo mortal e sofrendo como eu…
3. Quando um Anjo do Céu te ofereceu para seres a Mãe
Do Deus que deve reinar por toda eternidade,
Vejo-te preferir, oh, Maria – Que mistério! –
O inefável tesouro da virgindade.
Compreendo que tua alma, oh, Virgem Imaculada,
Seja mais cara ao Senhor que a divina morada;
Compreendo que tua alma, Humilde e Manso Vale,
Possa conter Jesus, o Oceano de Amor!…
4. Oh! Eu te amo, Maria, proclamando-te a serva
Do Deus que deslumbras com tua humildade.
Esta virtude escondida te faz poderosa,
Atrai ao teu coração a Santíssima Trindade.
Então, ao cobrir-te com sua sombra o Espírito de Amor,
O Filho igual ao Pai em ti se encarnou…
Será bem grande o número de seus irmãos pecadores,
Pois, Jesus há de se chamar o teu primogênito.
5. Oh, Mãe amada! Apesar de minha pequenez,
Como tu, em mim possuo o Todo-poderoso.
Mas, não tremo ao ver minha fraqueza:
O tesouro da mãe pertence à filha;
E sou tua filha, oh, Mãe querida.
Tuas virtudes, teu amor, não são eles meus?
Então, quando em meu coração desce a branca Hóstia,
Jesus, teu manso Cordeiro, julga repousar em ti!…
6. Tu me deixas perceber que não é impossível
Caminhar sobre teus passos, oh, Rainha dos eleitos.
O estreito caminho do Céu, tu o tornastes visível
Praticando sempre as virtudes mais humildes.
Ao teu lado, Maria, gosto de permanecer pequena;
Das grandezas desse mundo, vejo a vaidade…
Na casa de Santa Isabel que recebe tua visita,
Aprendo a praticar a ardente caridade.
7. Aí, escuto admirada, doce Rainha dos Anjos,
O sagrado cântico que brota do teu coração.
Tu me ensinas a cantar os louvores divinos
E a me glorificar em Jesus, meu Salvador.
Tuas palavras de amor são místicas rosas
Que devem perfumar os séculos futuros.
Em ti, o Todo-poderoso faz grandes coisas;
Quero meditá-las para o bendizer.
8. Quando o bom São José ignorava o milagre
Que, em tua humildade, querias esconder,
Tu o deixaste chorar junto ao Tabernáculo
Que escondia a divina beleza do Salvador!
Oh! Como amo, Maria, teu eloqüente silêncio!
Para mim, é um doce e melódico concerto
Que me fala da grandeza e da onipotência
De uma alma que só espera auxílios dos Céus…
9. Mais tarde, em Belém, oh, José e Maria,
Vejo-vos rejeitados por todas as pessoas…
Ninguém quer receber em sua hospedaria
Uns pobres estrangeiros… O lugar é para os grandiosos…
O lugar é para os grandiosos, e é num estábulo
Que a Rainha dos Céus deve dar à luz um Deus!
Oh, Mãe querida! Como me pareces amável!
Como te acho grande num lugar tão pobre!
10. Quando vejo o Eterno envolto em paninhos,
Quando do Verbo divino escuto o débil vagido,
Oh, Mãe querida! Não invejo mais os Anjos,
Pois o Senhor poderoso é meu Irmão querido!
Como te amo, Maria, tu que em nossa terra
Fizeste desabrochar esta flor divina!
Como te amo, escutando os pastores e os magos
E tudo guardando em teu coração, com cuidado!
11. Amo-te em meio às outras mulheres
Que para o templo santo se dirigem.
Amo-te apresentando o Senhor de nossas almas
Ao ditoso Ancião que o aperta em seus braços.
Primeiro, sorrindo, escuto seu cântico,
Mas, logo, seu tom me faz lágrimas verter.
Lançando ao futuro um profético olhar,
Simeão te apresenta uma espada de dor.
12. Oh, Rainha dos Mártires! Até o findar de tua vida
Esta espada de dor transpassará teu coração.
Já tens que deixar o Sol de tua pátria
Para evitares, de um rei, o furor invejoso.
Jesus dorme em paz sob as dobras do teu véu,
José vem te pedir para depressa partir,
E a tua obediência logo se revela:
Partes sem nenhuma demora, sem nada pensar…
13. Na terra do Egito, me parece, oh, Maria,
Que, na pobreza, teu coração continua feliz.
Pois, não é Jesus a mais bela Pátria?
Que te imposta o exílio? Possuis os Céus!
Mas, em Jerusalém, uma amarga tristeza,
Tão vasta como o oceano, vem inundar teu coração:
Jesus, durante três dias, se esconde aos teus carinhos.
É, então, o exílio em todo o seu rigor!…
14. Enfim, o encontras e a alegria te invade.
Dizes ao belo Infante que encanta os Doutores:
“Oh, meu Filho! Por que agiste assim?
Teu pai e eu te procurávamos chorando.”
E o Menino Deus respondeu – Oh! Que profundo mistério! –
À Mãe querida que lhe estende seus braços:
“Por que me procuráveis? Às coisas de meu Pai
É preciso que me dedique. Vós não o sabíeis?”
15. O evangelho me ensina que, crescendo em sabedoria
A José e Maria, Jesus era submisso.
E meu coração revela com que ternura
Ele sempre obedecia a seus queridos pais.
Agora, compreendo o mistério do templo,
As palavras veladas do meu amável Rei…
Teu doce Filho, Mãe, quer que sejas o exemplo
Da alma que o busca na noite da fé!
16. Já que o Rei dos Céus quis que sua Mãe
Mergulhasse na noite, na agonia do coração,
Maria, então, é um bem sofrer sobre a terra?
Sim, sofrer amando é a mais pura felicidade!
Tudo o que ele meu deu, Jesus pode retomá-lo.
Diz para ele não se incomodar comigo.
Pode bem se esconder; consinto em esperar
Até o dia sem ocaso em que minha fé se extinguirá.
17. Sei que em Nazaré, Mãe cheia de graça,
Viveste muito pobremente, nada mais querendo.
Nem arroubos, nem milagres, nem êxtases
Embelezam tua vida, oh, Rainha dos eleitos!
É bem grande sobre a terra o número dos pequeninos.
Para ti, eles podem, sem tremer, erguer os olhos.
É pela via comum, incomparável Mãe,
Que te apraz caminhar para os guiar aos Céus.
18. Esperando o Céu, oh, Mãe querida,
Contigo quero viver, te seguir a cada dia.
Mãe, ao te contemplar, mergulho extasiada,
Descobrindo em teu coração os abismos do amor.
Teu materno olhar afasta todos os meus medos;
Ele me ensina a chorar, me ensina a gozar.
Ao invés de desprezar as puras e santas alegrias,
Queres partilhá-las, te dignas a abençoá-las.
19. Vendo a aflição dos esposos de Caná,
Que não a podem esconder, pois lhes falta o vinho,
Ao Salvador o dizes, em tua solicitude,
Esperando o socorro do seu divino poder.
De início, Jesus parece recusar teu pedido:
“Que imposta, Mulher, a vós e a mim?” – respondeu.
Mas, no fundo do seu coração, chama-te Mãe,
E seu primeiro milagre, ele o fez por ti…
20. Um dia em que os pecadores escutavam a doutrina
Daquele que no Céu os queria receber,
Te encontro em meio a eles, Maria, sobre a colina.
Alguém diz a Jesus que o querias ver.
Então, teu divino Filho, diante da multidão inteira,
Mostra a imensidão do seu amor por nós.
Diz: “Quem é meu irmão, minha irmã e minha Mãe,
Senão aquele que faz a minha vontade?”
21. Oh, Virgem Imaculada! A mais terna das mães!
Escutando Jesus, tu não ficas triste,
Mas te alegras porque ele nos faz compreender
Que nossa alma se torna sua família na terra.
Sim, tu te alegras por ele nos dar sua vida,
Os tesouros infinitos de sua divindade!
Como não te amar, oh, Mãe querida,
Vendo tanto amor e tanta humildade?
22. Tu nos amas, Maria, como Jesus nos ama
E consentes, por nós, em te afastares dele.
Amar é tudo doar e doar a si mesmo.
Quiseste prová-lo permanecendo nosso apoio.
O Salvador, conhecendo tua imensa ternura,
Conhecia os segredos do teu coração materno.
Refúgio dos pecadores, é a ti que ele nos deixa
Quando abandona a Cruz para nos esperar no Céu.
23. Maria, tu me apareces no alto do Calvário
De pé junto da Cruz, como um sacerdote no altar
Oferecendo, para apaziguar a Justiça do Pai,
Teu amado Jesus, o doce Emanuel…
Disse o profeta, oh, Mãe desolada:
“Não há dor igual à tua dor!”
Oh, Rainha dos Mártires! Ficando no exílio,
Tu nos dás todo o sangue do teu coração!
24. A casa de São João se torna teu único abrigo;
Os filhos de Zebedeu devem ficar no lugar de Jesus…
É o último detalhe que o evangelho nos dá;
Da Rainha do Céu não fala mais.
Mas, seu profundo silêncio, oh, Mãe querida,
Não revela que o Verbo eterno
Quer ele mesmo cantar os segredos de tua vida
Para encantar os teus filhos, todos os eleitos do Céu?
25. Em breve, ouvirei esta doce harmonia…
Em breve, no belo Céu, hei de te ver…
Tu que vieste me sorrir na manhã de minha vida,
Vem sorrir-me de novo… Mãe… Eis que o dia já declina!…
Já não temo o esplendor de tua sublime glória.
Contigo sofri e quero, agora,
Cantar no teu regaço, Maria, por que te amo
E repetir para sempre que sou tua filha!…
(Santa Teresinha do Menino Jesus)

A História de Santa Terezinha


Desde muito cedo Teresa Martin iniciou sua devoção ao Menino Jesus. Aos seis anos e meio,  começa a se preparar para a primeira comunhão, sendo catequizada por sua irmã Paulina. Graças a esta catequese, o amor ao Menino Jesus vai aumentando em seu coração.  Ao falar deste período, nossa santa afirma que “amava-o muito” (A 31v). Não é, pois, de se estranhar que à época de seu primeiro chamado à vida carmelitana, tenha aceitado com entusiasmo a proposta de Madre Gonzaga de se chamar “Teresa do Menino Jesus” quando ingressasse no Carmelo. Após prepará-la para a primeira comunhão, Paulina, já Irmã Inês de Jesus no Carmelo de Lisieux, convida a menina a considerar sua alma como um jardim de delícias no qual é preciso cultivar as flores de virtudes que Jesus virá colher em sua primeira visita.
No ano de 1887 se oferece ao Menino Jesus para ser seu brinquedo (A 64r), desejando abandonar-se sem reservas à sua misericórdia. Isto ocorre por ocasião da célebre audiência com o papa Leão XIII. Teresa esperava que o papa autorizasse sua entrada imediata no Carmelo, apesar da pouca idade. Enorme decepção! Recebe palavras ternas e não a resposta desejada. Por isso não fica perturbada. Não havia se oferecido para ser a “bolinha” de Jesus e não dissera que ele poderia fazer o que quisesse com ela?
A partir do dia 9 de abril de 1888, data de seu ingresso no Carmelo de Lisieux, Teresa pode, finalmente, realizar seu sonho de menina: assina suas cartas durante todo o postulantado como “Teresa do Menino Jesus” (Ct 46-79). No dia 10 de janeiro de 1889, dia em que recebe o hábito, assinará pela primeira vez “Irmã Teresa do Menino Jesus e da Santa Face”, que será seu nome definitivo de Carmelita (Ct 80). Quando entra na clausura, a primeira coisa que lhe chama a atenção é o sorriso de seu “Menino cor de rosa” (A 72v), que a acolhe. Ela se encarregará de colocar-lhe flores desde a Natividade de Maria: “era a Virgenzinha recém-nascida que apresentava sua florzinha ao Menino Jesus”. (A 77r).
Teresa dedica muitas poesias, recreações piedosas e orações ao Menino Jesus, ao mistério do Natal e aos primeiros anos da infância de Cristo. No dia 21 de janeiro de 1894 cria e oferece à Madre Inês, em sua primeira festa como priora, uma pintura a óleo do Menino Jesus, a que intitula como “O sonho do Menino Jesus”. Este quadro mostra o Menino Jesus de olhos abaixados, brincando com as flores que lhe são oferecidas. Ao fundo aparece sob a claridade da lua a Sagrada Face debaixo da cruz e cerca dos instrumentos da paixão. Em uma carta enviada no mesmo dia (Ct 156), Teresa comenta seu quadro: longe de temer os sofrimentos futuros, o Menino Jesus conserva um olhar sereno e até sorri, pois sabe que sua esposa (Irmã Inês) permanecerá sempre ao seu lado para amá-lo e consolá-lo. Quanto aos olhos baixos, estes mostram sua atitude quanto à própria Teresa: “Ele está quase sempre dormindo”. Neste último detalhe já vislumbramos uma prefiguração da grande prova de fé que irá acompanhá-la em seus últimos dias.
Nos finais de 1894, a jovem carmelita descobre sua “Pequena Via”. A infância espiritual do cristão, feita de confiança e abandono, deverá se moldar na própria infância de Jesus, em seu caráter  de Filho, tão particularmente representado nos traços de sua infância. No dia 7 de junho de 1897, Teresa se deixa fotografar, tendo nas mãos as estampas do Menino Jesus e da Sagrada Face. Sobre a imagem do Menino Jesus, conhecido como “de Messina”, Teresa copia o versículo de Pr 9,4: “Quem for pequenino, venha a mim”.

Santa Escolástica e São Bento, exemplos de entrega e fidelidade a Deus na vida consagrada.


Escolástica e Bento, irmãos gêmeos, nasceram em Nórcia, região central da Itália, em 480. Eram filhos de nobres, o pai Eupróprio ficou viúvo quando eles nasceram, pois a esposa morreu durante o parto. Ainda jovem Escolástica se consagrou a Deus com o voto de castidade, antes mesmo do irmão, que estudava retórica em Roma. Mais tarde, Bento fundou o mosteiro de Monte Cassino criando a Ordem dos monges beneditinos. Escolástica, inspirada por ele, fundou um mosteiro, de irmãs, com um pequeno grupo de jovens consagradas. Estava criada a Ordem das beneditinas, que recebeu este nome em homenagem ao irmão, seu grande incentivador e que elaborou as Regras da comunidade.

São muito poucos os dados da vida de Escolástica, e foram escritos quarenta anos depois de sua morte, pelo santo papa Gregório Magno, que era um beneditino. Ele recolheu alguns depoimentos de testemunhas vivas para o seu livro "Diálogos" e escreveu sobre ela apenas como uma referência na vida de Bento, pai dos monges ocidentais.

Nesta página expressiva contou que, mesmo vivendo em mosteiros próximos, os dois irmãos só se encontravam uma vez por ano, para manterem o espírito de mortificação e elevação da experiência espiritual. Isto ocorria na Páscoa e numa propriedade do mosteiro do irmão. Certa vez, Escolástica foi ao seu encontro acompanhada por um pequeno grupo de irmãs, quando Bento chegou também acompanhado por alguns discípulos. Passaram todo o dia conversando sobre assuntos espirituais e sobre as atividades da Igreja.

Quando anoiteceu, Bento, muito rigoroso às Regras disse à irmã que era hora de se despedirem. Mas Escolástica pediu que ficasse para passarem a noite, todos juntos, conversando e rezando. Bento se manteve intransigente dizendo que deveria ir para suas obrigações. Neste momento ela se pôs a rezar com tal fervor que uma grande tempestade se formou com raios e uma chuva forte caiu a noite toda, e ele teve de ficar. Os dois irmãos puderam conversar a noite inteira. No dia seguinte o sol apareceu, eles se despediram e cada grupo voltou para o seu mosteiro. Essa seria a última vez que os dois se veriam.

Três dias depois, em seu mosteiro Bento recebeu a notícia da morte de Escolástica, enquanto rezava olhando para o céu, viu a alma de sua irmã, penetrar no paraíso em forma de pomba. Bento mandou buscar o seu corpo e o colocou na sepultura que havia preparado para si. Ela morreu em 10 de fevereiro de 547, quarenta dias antes que seu venerado irmão Bento. Escolástica foi considerada a primeira monja beneditina e Santa.

ORAÇÃO À SANTA ESCOLÁSTICA
Ò Deus de Misericórdia, dá-nos compreensão para aceitar e entender os teus desígnios, para que nos aproximemos de Ti, como Santa Escolástica que nos mostrou que nossa missão é servir e ajudar a carregar os fardos uns dos outros, reconhecendo neles a Tua Divindade e Te louvar e bendizer incessantemente. Amém. Santa Escolástica, rogai por nós.

Santa Escolástica, rogai por nós!